OS VITORIOSOS DAS ELEIÇÕES DE 2012. Por Franklin Douglas.
Franklin Douglas (*) No Maranhão de capitalismo dependente (tardio), ainda encontramos verdadeiros feudos. Na política, eles ficaram evidentes, uma vez mais, nos resultados eleitorais do último dia 07 de outubro. Vejamos os vitoriosos destas eleições em algumas das maiores cidades do Maranhão. Edivaldo Holanda (PTC) – está prestes a eleger o filho, Edivaldo Holanda Júnior (PTC), prefeito da capital. Se perder, contudo, ganhará um mandato de deputado estadual, pois é o primeiro suplente de Neto Evangelista (PSDB), o vice do tucano João Castelo. Em qualquer cenário, o clã dos Holandas sai ganhando. Edmar Cutrim (Conselheiro Presidente do Tribunal de Contas do Estado – TCE) reelegeu o filho Gil Cutrim (PMDB), prefeito de São José de Ribamar, assim como parentes e aliados em outras cidades (a exemplo do vice-prefeito de Paço do Lumiar, Marconi Lopes (PSL) – ponto de apoio/controle junto ao prefeito eleito, Professor Josemar-PR). Além da influência no TCE e no judiciário maranhense, o clã Cutrim também possui sua voz na Assembleia Legislativa, o deputado Raimundo Cutrim (DEM). Chico Leitoa (PDT) elegeu o filho, Luciano Leitoa (PSB), prefeito de Timon. Na disputa entre as famílias Waquim (PMDB) e Almeida (PSD), o clã Leitoa revigorou-se. Roberto Rocha (PSB) – elegeu o irmão, Luiz Rocha, prefeito de Balsas; o filho, Roberto Rocha Júnior, vereador de São Luís; e ainda pode se tornar vice-prefeito da capital. Caberá ao filho, no Poder Legislativo, fiscalizar as ações do pai no Poder Executivo… Humberto Coutinho (PDT) – elegeu o sobrinho, Leonardo Coutinho (PSB), prefeito de Caxias. Será o terceiro mandato consecutivo do Clã Coutinho em Caxias, que também venceu com outros prefeitos aliados, como a prefeita Suely Pereira (PSB), reeleita em Matões – cujo filho é deputado estadual, Rubens Pereira Júnior (PCdoB) –, e Miltinho Aragão (PSB), em São Mateus. O clã Coutinho, cuja esposa do prefeito, Cleide Coutinho (PSB), é deputada estadual, sonha agora com a vaga de Cafeteira no Senado Federal, na disputa de 2014. Ricardo Murad (PMDB) – elegeu a esposa, Teresa Murad (PMDB), prefeita de Coroatá, além de aliados nos municípios vizinhos. Seu esquema “privado” da saúde pública contribuiu para a eleição também de um vereador em São Luís, Fábio Câmara (PMDB). O clã Murad ainda está bem posicionado na Assembleia Legislativa, ocupa a Vice-Presidência do Poder Legislativo. Em 1% de chance de cassação da governadora Sarney, o clã Murad tem 100% de controle do segundo poder do Estado; O que se contata nesses maiores municípios, se repete nos demais, raras exceções. Quanto menor a cidade, mais a disputa dar-se entre núcleos familiares locais. A diferença não é uma ideologia, uma concepção de gestão pública, o programa de governo ou a filiação partidária. Nas Câmaras Municipais, esse processo é mais evidente ainda. Analise os vínculos dos vereadores eleitos no maior colégio eleitoral, São Luís: o deputado estadual Afonso Manoel elegeu a esposa, Helena Duailibe (PMDB); a suplente de deputada federal Telma Pinheiro (PSDB) elegeu o irmão Josué Pinheiro (PSDC); o deputado federal Pedro Fernandes elegeu o filho, Pedro Lucas Fernandes (PTB); o deputado federal Lourival Mendes elegeu a filha, Luciana Mendes (PTdoB); Albino Soeiro passou o mandato à esposa, Bárbara Soeiro (PMN). Como se vê, esse fenômeno vai contaminando até mesmo partidos que buscam liderar movimentos políticos contrários a prática patrimonialista e oligárquica instalada no Estado do Maranhão. Nesse Maranhão da disputa dos clãs, quem comemora é o clã maior. Sua prática política, hegemônica, tornou-se cultura política entre todos os agrupamentos. E agora, mais que nunca, também entre os que lhe travam combate, mesmo os de origem na velha esquerda. Eis porque tem sido fácil derrotar a oposição consentida maranhense: no voto ou nos tribunais. A “renovação” é conservadora, nas práticas e nas ideias. (*) Franklin Douglas – jornalista e professor, escreve para o Jornal Pequeno aos domingos, quinzenalmente. Artigo publicado no Jornal Pequeno (edição 14/10/2012, página 05)